domingo, 2 de novembro de 2014

Saindo do convencional, o rock progressivo

   No final da década de 60 e começo da década de 70 o rock n' roll (e a música em geral) chegava no climax da fusão, expansão, liberdade e variedade artística que tinha começado no meio dos 60s. A regra era experimentar, fazia-se de tudo, misturavam se gêneros, música e experiencias visuais, arranjos inovadores etc. No meio disso tudo o rock psicodélico foi florescendo e alguns individuozinhos foram misturando esse estilo que gostavam tanto com o virtuosismo do jazz e da música clássica e foi mais ou menos assim que nasceu o rock progressivo.

 
   Tendo como principais nomes bandas como Yes, Genesis, King Crimson, Emerson Lake & Palmer, Gentle Giant, Focus, Premiata Forneria Marconi e até Pink Floyd e Jethro Tull em certas fases, o gênero tem como características: primeiro, não é nem um pouco comercial e nem se presa a isso, e isso gera as outras características como grandes suítes, de 20 a 30 minutos (ou mais hehe), músicas com vários climas e alguns (ou a maioria) bem estranhos, virtuosismo puro, mudanças de compasso, instrumentais, presença forte de teclados e sintetizadores, letras com temáticas diferentes, álbuns conceituais, entre outras coisas.

   Apesar de todas essas características comuns as bandas do estilo, não dá pra padronizar o som típico do gênero, pois embora facilmente identificável cada grupo faz um som bem diferente do outro mesmo que nos mesmos moldes.

   Clássicos do progressivo são: Close to The Edge do Yes, Selling England by The Pound do Genesis, Thick as a Brick do Jethro Tull, Tarkus do ELP, Moving Waves do Focus, Mirage do Camel, Larks' Tongues in Aspic e Red, ambos do King Crimson etêcéterá.

   O Brasil também teve uma representatividade grande de bandas do gênero como os Mutantes ( pós saída da Ritinha Lee) que lançaram um classicão chamado Tudo Foi Feito Pelo Sol, o som (divino) do Bacamarte no Depois do Fim, o respeitadíssimo Criaturas da Noite d'O Terço e mais: Casa das Maquinas, Som Imaginário, Sagrado Coração da Terra, Recordando o Vale das Maçãs, Moto Perpétuo, A Bolha, O Som Nosso de Cada Dia, sendo essas as mais reconhecidas.

   Esse tipo de rock teve algumas cenas que se destacaram, o progressivo ingles (sempre eles), o progressivo italiano (sim, fazem música na itália e é de qualidade), e o Krautrock que é alemão (e bem louco).

   Hoje em dia, o número de bandas em atividade e o número de ouvintes é menor, pelo menos novos ouvintes, ainda tem aqueles tiozão chatos com barriga de chopp que sabem te informar qual as peças de bateria do baterista da sexta formação do Yes. Ainda sim, se destacam mais recentemente Steven Wilson e sua banda, o Porcupine Tree, Spock's Beard, The Flower Kings,The Mars Volta e o supergrupo Transatlantic, além das antigas ainda em atividade. Surgiu também a fusão do prog com o metal = prog metal mas eu nem ouço tanto e nem to afim de falar sobre.

   Eu comecei a curtir esse estilo por causa do meu pai, que é fã de carteirinha desde muito tempo atrás (bota tempo ai) e no começo, como é a esperada reação inicial, achei MUITO chato e sem sentido NENHUM ai deixei de lado, com o tempo fui conhecendo mais de música, abrindo a mente e quando voltei pra escutar, as mesmas coisas que tinha achado chato..estavam soando sensacionais! Provavelmente você não vai gostar no começo, nem depois,  nem mais depois ainda (rs) mas quem sabe ein? Por hoje é só..

Abs
John


terça-feira, 21 de outubro de 2014

Robyn Hitchcock, o homem que se inventou

   Conheci esse cara estranho e meio louco por meio de outro cara estranho e meio (completamente) louco. O nome desse outro é Syd Barrett, uma espécie de ídolo pra mim, o cara que compôs a maior parte do primeiro album do Pink Floyd e virou uma lenda da música underground, impulsionado por todo o folclore criado em cima dele e de sua esquizofrenia. Mas, voltando ao foco, eu tava pesquisando mais sobre o Syd e o material dele, o cara só deixou dois albuns solos que soam tristes pois envolto a sua incapacidade de interagir com outras pessoas normalmente, de tocar e de cantar tem poucos picos do seu brilhantismo.

   E eu tava louco pra achar qualquer coisa dele melhor gravada, ou algum artista que conseguisse tirar inspiração daquele pouco material e fazer algo naquela linha de música que eu gosto tanto, e bom, foi assim que conheci esse tal de Robyn Hitchcock.

   Li em algum lugar que era um cara que tinha se inspirado muito no Barrett e achei uns álbuns pra escutar e logo de cara escutei o que parecia mais atrativo e realmente o maior tesouro que esse cara já fez, um album chamado I Often Dream of Trains. E que álbum, meu amigo!
   Ele começa com um piano bizarramente sensacional de uma chamada Nocturne (Prelude). É daquelas músicas que você não consegue entender o porquê de ser tão curta.

   Depois vem Sometimes I Wish I Was a Pretty Girl (xD) onde começa a influência de Syd, com um violão forte, simples, um vocal totalmente despreocupado (que eu por algum motivo adoro e acho bem juvenil) e uma letra descontraída.

   Segue com Cathedral, que possui outro piano lindo como na primeira música, dessa vez acompanhado de um violão dedilhado também muito bonito. Eu comecei a perceber também que essas músicas mais melódicas deles têm um quê de alternativo dos anos 90/2000, como algo do Radiohead ou Coldplay ('-').

   Depois vem a Uncorrected Personality Traits, uma música somente vocal que me fez perceber que o album seria assim mesmo: se alternando entre lindas composições de piano e músicas mais experimentais e divertidas. É meio difícil de classificar, e eu nem gosto, mas é experimental, folk e também psicodélico, mas com um apelo pop justamente na linha do Barrett.

   O álbum pra mim não tem um ponto baixo, eu realmente gosto de todas (rs bomzaum cara), mas de positivos se destacam:

   Flavour of Light: o clima dessa é a tristeza em notas de piano que desabam como uma chuva suave sobre um som cortante de violino.

   This Could Be The Day: um folk pulsante e simples com uma gaita bem bluesy.
   Trams of Old London: tem um clima que me lembra um pouco Velvet (Underground), e também essa linha alternativa nos vocais melódicos.

   Autumm is Your Last Chance: com um dedilhado simples e hipnotizante, um dos melhores climas musicais que já ouvi.

   A própria I Often Dream of Trains (não vou falar mais que a melodia se destaca porque esse cara é mestre nisso): eu gosto da guitarra dessa.

   Mas como já disse, gosto do album todo, que soa ainda atual mesmo sendo de 84, uma das maiores pérolas da década de 80 de um artista subestimado e um dos meus compositores favoritos. A quem gosta de folk, teclados bonitos ou vocais pop de qualidade, ces não sabem o que estão perdendo 😉;)

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A vida imita a arte e vice e versa: Futebol

(Fiz esse texto logo após o fim da copa de 2014 desse ano, é sobre futebol mas também sobre paixão, magia, fé, sentimento e explosão..)

   A copa esteve aqui e acabou. Vexames a parte, com a bola rolando jogos extraordinários aconteceram e dentro de campo foi inegavelmente uma excelente copa. Agora voltará o Brasileirão e a maioria dos que acompanham ou voltarão a reclamar do seu time ou, aqueles que estão com um time bem formado, reclamaram da qualidade de certos jogos, já que é também inegável que a qualidade do campeonato caiu. E não foi pouco.

   A Copa deixa como herança para os futebolistas do país um alerta e um fato, comprovado em um jogo por 7 partes: o futebol moderno se faz com conjunto, organização e preparo, e nesses quesitos nossa seleção precisa de uma renovação. Lutamos com o que tínhamos, vontade e fé, e embora desde o começo isso se mostrasse bem no limite do suficiente, o que poderia ser preocupante, nosso coração de torcedor como sempre acreditava que bastaria para terminar a copa no ponto mais alto, talvez com a ajuda do peso na camisa e a sorte que ele encaminha. Não bastou.

   O Brasileirão foi a escola desse lema, onde erguiam-se os pobres jogadores oprimidos nas brincadeiras de comentaristas com a falta de técnica de tal para a glória do gol decisivo, a artilharia suada ou a atuação coroada pela raça onde faltava habilidade. Vontade e fé. Raça que coloca na cara do torcedor um sorriso maior do que o que muitos habilidosos escudeiros consegue, talvez por beirar ao riso de alegria incrédula de ver aquele personagem que era improvável ou mesmo um jogador "ruim" garantir ao time aquilo que ele precisava.

   O futebol contemporâneo cada vez diminui isso. Cada vez mais os times, pelo menos os estrangeiros, até agora, treinam os fundamentos básicos e o jogo em equipe, a valorização da posse de bola dentre outros conceitos estrategicamente lógicos. Alguns dirão que eu me oponho a essa evolução do futebol, mas não é isso, quero eu mais do que muitos que o esporte evolua cada vez mais, tornando-se com o tempo mais competitivo e universal do que já é. Só não gostaria eu de ver essa fé ilógica que desce das arquibancadas e cria energia também ilógica nos pés de um dos 11 aos 45 do segundo tempo de um jogo que parecia perdido acabe. Que a raça que faz o mais folclórico dos jogadores se consagrar não morra. Que se os times que antes com essa organização eram pouca coisa ou quase nada, tiverem que decidir um jogo, que ele não seja decidido por um lance de sorte ou por um aproveitamento um pouco superior mas justamente por essa vontade.

   Afinal, é um pouco disso que faz o futebol se tornar algo mais mágico e menos real do que somente vinte e dois homens correndo atrás de uma bola. A bonita jogada seguida de gol será sempre bem vinda, mas não causará tanto furor quanto a entrega de quem nos olhos reflete a garra da corrida para a redonda que termina em carrinho para dentro das redes, do inalcançável gol chorado e sofrido do menos esperado guerreiro. "O futebol é a metáfora da vida". 

João Carlos

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Corinne Bailey Rae, o soul, o jazz e a calma

Em 2006, o que eu posso chamar dessa mistura de pop jazz e soul (imagina uma mulher no palco cantando graciosamente, um pianista, um contrabaixista, um baterista e uma sessão de metal, todos de roupa formal de banda de jazz, então..) tava sendo dominado pelo lançamento de Back to Black da Amy Winehouse ( que é um puta álbum por sinal) mas outro álbum chamava atenção impulsionado por singles como Like A Star e Put Your Records On: Corinne Bailey Rae.

Esse álbum de estréia conquistou vários prêmios e teve uma vendagem muito boa. Vou adiantando que o som que ela faz é mó vibe (rsrs), soa calmo, leve e conquistador, sugiro ouvir pra relaxar.

A estréia abre com "Like A Star"(Um legado tipico de cantoras de R&B cantar sobre decepções amorosas que vem desde "I Never Loved a Man the Way I Love You" da Aretha Franklin). O arranjo inicial começa simples e conquistador e depois vai crescendo, a produção dessa é notável e reflete a do resto do álbum.

Depois vem "Enchantment" que mantem o clima inicial com um vocal que por algum motivo me lembra o jeito francês de cantar, como o dos caras do Harmonium ou Pink Martini.

"Put Your Records On", a mais famosa da cantora foi feita para ser um single, é mais alegrinha e possui um refrão grudento que explica o sucesso da canção combinada com toda a produção em cima dela.

O álbum segue com canções um pouquinho mais animadas como "Trouble Sleeping", "Call Me When You Get This" e outras mais calmas em que lindas harmonias de violão e/ou piano só embelezam ainda mais a voz de quem as domina: "Till It Happens to You" "No Love Child" "Another Rainy Day". Tem aquelas também com batidas mais modernas de Soul como "Emeraldine" e "Trouble Sleeping".

Destaco ainda a primorosa versão de "Since I've Been Loving You" (Led Zeppelin) que é de matar, e me faz até perceber que sinto falta dela cantando outras canções mais voltadas pro Blues, porque acho que teria tudo a ver com a voz da moça. E também a exuberante "Choux Pastry Heart", minha favorita dela, que é puro sentimento.

Ela lançou um outro álbum em 2010, que só conferi por alto ainda (mal ae rs) e tem um ao vivo em Nova York, um pouco mais animado que o álbum de estúdio, que vale a pena. Destaco a grande produção de todos esses, não é só ela ser uma baita de uma cantora e ter uma excelente banda: os arranjos, os timbres, é tudo feito de maneira profissional MESMO, dando sutileza a cada detalhe.

A Corinne é uma daquelas cantoras que te conquistam pelo preciosismo de seu timbre notavelmente atrativo e diferente do padrão, ao mesmo tempo possui um feeling especial que acalma na alma. Combinado a isso tem a postura dela que, me perdoem os mais sérios, soa completamente sensual. Ela domina o palco com essa combinação de fatores, esbanjando sentimentalismo na medida certa a cada estrofe e junto a uma banda excelente faz um show intimista, leve, profundo e sincero.

Abs
Jão

domingo, 14 de setembro de 2014

O Jazz Alternativo do Morphine

No começo da década de 90, um carinha bem fechado chamado Mark Sandman que era guitarrista e vocal de uma banda de blues e alternativo chamada Treat Her Right teve uma ideia brilhante, juntar jazz com elementos de musica alternativa e ver no que dava. Assim se formava o Morphine: o Sandman cantando e tocando um baixo que só tinha duas cordas de violoncelo (pra voce ver como os caras eram alternativos), Dana Colley no sax (Dana é um homem, ok?) e Billy Conway na bateria.. não, não esqueci do guitarrista, só não tinha mesmo, sem guitarras. ('-').

Em 1993 eles lançaram seu primeiro álbum chamado Good (criatividade passou longe rs), a arte de capa é bem maneira, uma pintura de uma borboleta sobre uma flor. Ele foi bem visto pela critica e apesar de não conquistar um grande publico foi o suficiente para deixar a banda dar continuidade ao seu trabalho.

A primeira vez que ouvi achei o álbum meio vago, não tava acostumado com aquele minimalismo e já tinha escutado o segundo da banda que é pra mim o auge dos caras, enxergo um pouco de trip rock no clima dele, destaque pra mais efusiva: "Have a Lucky Day" e pros solos do Dana em "You Look Like Rain" e "Lisa" e pros climas bem bluesy de "I Know You" e "The Only One".

Agora ainda em 93 os filhas da mãe botaram pra fuder lançando logo um segundo álbum que eu gosto muito, o Cure for Pain, cara que álbum!

Abre-se com Dawna, um synth de leve no fundo e um sax fazendo clima leve, dura menos de 1 minuto mas passa a impressão de que o álbum vai ser algo meio espacial...ai entra Buena e voce percebe que não tem nada haver! Totalmente efusiva, com um sax matador, a voz do Mark se encaixa perfeitamente com o clima, minha favorita deles.

I'm Free Now volta com um clima um pouco mais leve, e depois All Wrong com um riff viciante e UM SOLO DE SAX COM WAH WAH, que efeito musical pode superar um sax com wah wah???? (Confira no proximo episódio hue). O album segue com um clima bem definido com a exceção de In Spite of Me que tem um ukulele e um vocal que me lembra muito os climas loucos do Spiritualized. Thursday é mais energetica e suja e a música que da o nome ao album é o que podemos chamar de balada (mas do estilo do Morphine).

É impressionante como eles conseguem dar um clima meio country Mary Won't You Call My Name somente pela bateria (imagino um bandolim perfeitamente ali) e algo meio latino como mambo a Let's Take a Trip Together sem uma guitarra e sem perder a essência da coisa claro. O álbum fecha com um violão do velho oeste que anuncia a morte de Miles Davis (Miles' Davis Funeral).

Eu conheci o Morphine  já faz um tempinho por meio de uma amiga chamada Nina Stamato que manja bastante de bandas alternativas ( vlw Nina ^^). O que acho mais daora nesses caras é que eles não tem um instrumento que coloque harmonia e isso que era pra ser uma limitação, só expande os horizontes de possibilidades, ta certo que as músicas geralmente são bem guiadas pelo riff do baixo mas os solos de sax são explorados em escalas diversas sem fugir do contexto da música. O final da banda foi triste e folclórico e se deu em 99 quando Sandman teve um ataque cardíaco em pleno palco, em um show na Itália.

O Cure for Pain soa como o subúrbio, a contracultura dos guetos da América. Consigo imaginar perfeitamente o Morphine tocando de tarde nas ruas sujas do Harley e de noite nos bares underground para céticos, bêbados e poetas, e até mesmo para as pessoas "normais", para relaxa-los e dar a eles uma especie de luxo sutil.

Abs
João Carlos

O Começo da Experimentalidade na Música: A Psicodelia Sessentista

Pra começar, espero que muitos já tenham esse noção, e os que não tem venham a ter por meio desse ou de algum texto mais especifico que eu vá fazer sobre a década de 60, que ela é um marco na história da música. Não um marco na história da música do século XX ou em relação a todas as décadas que se seguiram mas da música como um todo na história da humanidade, da mesma forma que aqui no Ocidente classificamos os anos por Antes e Depois de Cristo, nela poderíamos colocar um Antes e Depois da Década de 60.

Claro que esse Big Bang musical teve sua expansão proporcionada pela já formada e funcionando em pleno vapor Industria Cultural, ainda sim essa década se tornou simbólica por expandir os conceitos da arte dos sons em todas as direções e o elemento primordial para isso foi: o experimentalismo.

Um carinha ai, tal de Bob Dylan que tem uma irritante mania de prever os rumos que a música vai tomar, em 1965 subiu ao palco onde tinha se consagrado em Newport para o Festival de Música Folk com uma guitarra elétrica. Apesar de todo seu reconhecimento já na época e de alguns aplausos, ouviram-se vaias estrepitosas. Peter Yarrow do trio Peter, Paul and Mary disse depois "Era como uma capitulação ao inimigo, como se de repente você visse Martin Luther King fazendo um comercial de cigarro".

É, não foi um começo fácil para a inovação e toda a mistura que se iniciaria mais tarde diante de um público tão conservador que aos poucos iria se dissipar, mas o importante é que esse simples e genial ato de Dylan encorajou outros jovens, ainda mais jovens a não terem medo de tentarem fazer algo novo.

Mas voltando ao experimentalismo...

No ano que seguiu depois desse (66) três jovens talentosos que já esbanjavam a rebeldia do rock n' roll mas ainda buscavam firmar uma identidade musical começaram a trilhar seus caminhos.

Roky Ericson, um jovem americano branco de cabelos grandes e olhar psicótico, viciados em revistas de comédia e terror, tinha co-fundado a banda 13th Floor Elevators e, na época com 19 anos, entrou em estúdio e gravou com sua banda o The Psychedelic Sounds of The 13th Floor Elevators que apresenta a música mais famosa da banda: You're Gonna Miss Me, que reafirma o vinculo com o Blues mais já mostra um pouco do som louco que viria a seguir: músicas densas, guitarras dedilhadas, vocais gritados e efeitos sonoros que se repetiam.

A banda não durou tanto e teve um final trágico: levado aos tribunais acusado de portar drogas, Ericson alegou problemas de sanidade mental para ser liberado, o que não deu nem um pouco certo, tendo sido levado a um hospital psiquiátrico e recebido terapia eletroconvulsiva, que consistia em aplicar choques no paciente para diminuir sua loucura.(o cara se deu muito mal.)

Roky nunca mais foi o mesmo e os Elevators não tiveram como continuar, particularmente não sou fã deles mas o pioneirismo deve ser reconhecido.

Arthur Lee, foi o brilhante mais errático líder do Love, um jovem de Los Angeles negro que segundo o produtor Bruce Botnick usava ácido 24 horas por dia (não era tão fora dos padrões isso pra época, o bagulho era doido). O Love também lançou em 66 um album que tem padrões psicodélicos, no entanto foi com seu segundo álbum que estourou para o estilo que combinava canções pesadas e outras com belas melodias.

O marco na carreira da banda entretanto foi Forever Changes, também de 67. Seu uso de violões e arranjos de metais e cordas deu origem a um clássico pop, numa afirmação complexa do estranhamento e da violência nos EUA dos anos 1960.

O Love, apesar de tudo, nunca alcançou o reconhecimento em massa do público, e depois de gravar mais um compacto a banda se dissolveu. Lee continuaria o grupo com novos músicos, sem sucesso todavia.

Depois de passar um período na prisão durante os anos 1990, Arthur Lee montou outra banda, viajando em turnê e tocando as canções clássicas do Love. Arthur morreu em Memphis em agosto de 2006 vítima de leucemia.

Agora, o maior precursor da psicodelia que veio a seguir foi sem dúvida nenhuma Syd Barrett (esse é ídolo) que fundou uma das maiores bandas, na humilde opinião desse que vos fala, de todos os tempos: o Pink Floyd.O britânico dotado para artes e considerado uma pessoa maravilhosa por todos com quem convivia em 66 se apresentava no UFO Club em Londres com a banda que era completada por Roger Waters, Nick Mason e Richard Wright fazendo várias jams enormes totalmente loucas enquanto espetáculos visuais eram postos na parede atrás da banda. 

Ganharam bastante fama no underground da cidade e com o lançamento de seu primeiro single chamado Arnold Layne que inovava ao tratar de um tema que fugia totalmente dos padrões, falando sobre um travesti que tinha como passatempo roubar roupas femininas.E depois lançaram See Emily Play com qualidade ainda maior que Arnold Layne, que falava sobre uma garota que dançava nua sobre um bosque.

Lançou com o Floyd em 67 o lendário álbum The Piper at The Gates of Dawn no estudio Abbey Road na mesma época em que os Beatles lançavam um tal de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. Syd compôs a maiorias das faixas que ao mesmo tempo psicodélicas tem um caráter pop, coisa que mais tarde ia acabar se tornando mais frequente. 

Também é legal notar que já ali pode-se notar traços de rock espacial com Interestellar Overdrive, de quase 10 minutos e boa parte improvisada a partir de um riff e Astronomy Domine, uma música muito viajante (e boa demais) que abre o álbum.

O Syd ainda participou de alguma parte do segundo álbum da banda, mas suas condições mentais tornaram impossível que continuasse, faltava shows e quando ia ficava sentado tocando a mesma nota durante todo o show. Lançou ainda dois álbuns em carreira solo: The Madcap Laughs e Barrett, que para um fã soa bom e triste ter mais material de seu ídolo embora o material reflita sua própria decadência. 

Nos anos que se passaram o Pink Floyd se tornou um gigante, lançando o Dark Side of The Moon, terceiro álbum mas vendido da porra toda e Barrett ainda serviu de inspiração para muitas músicas como Brain Damage, Shine On You Crazy Diamond e Wish You Were Here. Mas o próprio ficou recluso do mundo completamente, COMPLETAMENTE, até que morreu em 2006 sem deixar mais material (:/).

Bom, durante o período que se seguiu de 67 a 69 varias outras bandas psicodélicas surgiram: Mutantes (é rapaz, o brasil também manda bem) Jefferson Airplane, Spirit, Hawkwind, The Doors, Velvet Underground, The Seeds, West Coast Pop Art Experimental Band (adoro esse nome), Ultimate Spinach (aja criatividade, ou não) , Eletric Prunes, Quicksilver Messenger Service, Grateful Dead etc etc etc.

Elas não só influenciariam vertentes do rock que se formariam depois (Space Rock, Progressivo, Post-Punk, Post-Rock) como também a música pop com Bowie e os Beach Boys com o Pet Sounds, também misturou-se com Funk e Soul com bandas como Funkadelic e Sly and Family Stone. Hoje até existe o termo Neo Psicodélia que vou explorar mais depois.

Bom, é isso, fiquei com uma sensação ruim com esse texto porque senti que falei demais e ao mesmo tempo deixei muita informação de fora, talvez por eu gostar muito desse estilo e ao mesmo tempo ter um medo das pessoas ficarem entediadas, espero que os próximos saiam mais tranquilos e descontraídos, talvez eu fale de álbuns específicos para tornar isso mais fácil, é isso, até mais.

Abs,
João


sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Entradas e Bandeiras

Sejam muito bem vindos a este blog. Meu nome é João, nesse presente momento, um 12 de setembro de 2014 que eu devia estar estudando pra alguma prova, eu tenho 16 anos e estudo no segundo ano do Colégio Pedro II de São Cristóvão. Essa coisinha chamada Pulo do Elefante que to começando agora, é fruto da minha vontade de escrever textos literários e também resenhas sobre arte plástica, música, cinema e televisão combinada com uma necessidade latente que tenho de me sentir independente, e uma das melhores formas disso é escrevendo.Vão acabar tendo textos mais pessoais mesmo, afinal isso aqui é meu mesmo e eu faço o que quiser né, na verdade desde que eu goste e saia do padrão vou considerar valido postar aqui belê?

Eu realmente gosto muito de escrever, pesquisar, falar e, porque não?, estudar cultura em geral. Música é um elemento primordial pra mim então talvez o foco maior seja esse, mas qualquer coisa que passe uma mensagem e seja diferente do usual ou mesmo que seja normal mas ainda assim bom será algo que posso aproveitar. Ainda não sei o que fazer da vida mas to bem puxado para Jornalismo ou mesmo Artes, Música e até fotografia, mas tá complicado decidir, talvez esse blog ajude nesse ponto.

Algo que eu sempre digo é "a parada é curtir a diversidade" e bom, é isso ai mesmo. Eu gosto de muita coisa, filmes mais simples e leves até clássicos conceituados, nas artes plásticas isso abre um leque de opções e artistas, de música acho que ainda vai mais longe: década de 60 sempre vai ser uma referencia, de lá saem muitos álbuns que estão no coração, tanto de MPB, quanto de rock n' roll, jazz, funk e soul. Mais pra frente, em 70, eu guardo o rock progressivo, o hard rock e o punk, além de discos dos estilos já citados. Musica alternativa, alguns tipos de eletrônica, folk, samba, ska, música classica, latina e por ai vai. Além disso eu faço uma adoração total a música psicodélica e ao Space Rock em geral que pretendo estruturar melhor em um texto próprio para tal futuramente.

Não gosto de citar nomes porque tenho medo de deixar um de fora e isso me atormentaria e eu ficaria atualizando de minuto em minuto mas a minha santíssima trindade de 4 são os Beatles, The Who, Pink Floyd e Led Zeppelin, isso deixando de fora artistas solo.

Então é isso, vou tentar começar postando sobre artistas, obras, sejam filmes, obras plásticas ou de música pegando alguns desses mais desconhecidos que sejam bons, claro, e que merecem ter um trabalho mais divulgado e também focar naquilo da diversidade para tanto se puder fazer alguém abrir horizontes e descobrir algo fora do seu padrão de arte usual que goste tanto para poder tornar mais aberto este blog para pessoas dos mais diversos gostos opiniões e estilos. That's All Folks.